- Author : in Idealista
Pedro Carvalho: “Gostamos de criar sensações e de ser impactantes” na arquitetura
Apaixonado pela arquitetura desde pequenino, Pedro Carvalho sempre quis exercer a profissão na sua cidade, Braga. O atelier Inception corresponde a uma concretização de sucesso destes dois sonhos.
“O nome surge da origem- perceptió ou perceção, o jogo de luz, sombra, volume, cor, extensão que queremos dar a perceber a quem visita, experimenta, usa ou observa”.
O atelier nasceu em 2011, durante a crise no setor da construção em Portugal. Pedro Carvalho e Carlos Ferreira, “vítimas” da insolvência da empresa onde trabalhavam, decidiram lançar-se num projeto próprio.
“Queríamos um estúdio onde poderíamos dar asas ao trabalho conjunto desenvolvido anteriormente, dando seguimento à ‘escola e cultura construtivas’ de excelência da empresa de onde vínhamos (e que tanto nos influenciou); ao mesmo tempo combinado com uma oficina voltada para a criação, experimentação e ensaio dos vários cenários e aspetos decorrentes de um projeto de arquitetura”, explica ao idealista/news para a rubrica Em casa do arquiteto.
Em 2017, com o crescimento da empresa, a arquiteta Diana Gala juntou-se à equipa. A sinergia foi imediata levando à proposta de sociedade em 2019.
Assim surge o Inception Architects Studio. Obcecados pelo desenho, que repetem as vezes necessárias até encontrarem a solução que desejam para cada cliente, dão agora a conhecer o seu trabalho nesta entrevista.
O que o apaixona nesta arte?
Tanta coisa. A luz, o poder dar às pessoas aquilo que elas sonham e ambicionam. Na verdade, está relacionado com o nosso nome – Inception, tem a ver com perceção e a perceção que queremos criar quando as pessoas entram no espaço e sentem o espaço. E isso é um jogo muito interessante porque os projetos não são todos iguais e nós fazemos questão que não sejam todos iguais.
Gostamos de criar sensações e de ser um bocadinho impactantes quando assim o podemos. Acho que a nossa arquitetura tem vindo a crescer em torno disso.
Os projetos não são todos iguais, mas existem pontos comuns que trazem sempre para os vossos projetos?
Há alguns, mas não são muito percetíveis às vezes. Acho que acima de tudo somos muito obcecados pelo desenho. Gostamos muito de experimentar e de desenhar as nossas soluções até nos sentirmos muito confortáveis com elas e depois acho que isso se passa para o cliente.
Gostamos de ter alguns materiais comuns, obviamente, porque às vezes a plasticidade assim o obriga, mas gostamos também de criar sempre coisas diferentes, porque o cliente também é diferente, aquilo que ele nos pede também é diferente.
Ser arquiteto em Portugal é um desafio?
É, é um desafio. Por exemplo, aqui no Norte enfrentamos sempre alguns estigmas naturais da profissão, porque a arquitetura é considerada uma profissão de elite, portanto muito cara e, então, muitas vezes recorria-se ao trabalho de desenhador, por exemplo, não tão certificado ou qualificado. Ultimamente, com o passar dos anos, as coisas evoluíram e temos conseguido conquistar o nosso espaço.
E como é a experiência de ter um atelier em Braga?
Braga é uma cidade que tem vindo a crescer bastante. Apesar de ter dito que o papel do arquiteto foi difícil de ser implementado aqui na zona Norte, Braga ainda é uma cidade que respeita muito o arquiteto e temos vários cá na cidade com trabalho reconhecido. Por isso, acho que há esse respeito das pessoas quando procuram um arquiteto e procuram ter um trabalho feito por um arquiteto.
De resto, é um sonho de criança. Crescer aqui e trabalhar cá, ser conhecido por ser um arquiteto de Braga.
Existem alguns projetos que gostassem de destacar ou que tenham marcado o percurso da Inception?
Sim, acho que a PS House e a TM House são dois projetos representativos, não na sua plenitude, porque é impossível conseguirmos ter total controlo das coisas, mas são dois projetos que nos marcaram.
A PS House foi o primeiro projeto no gabinete. Na TM House, que é mais recente, pudemos explorar também o betão e a questão da materialidade do betão de duas formas diferentes.
Há outros, como a BLIP – Web Engineers, por exemplo, no Porto, que é um escritório que foi um projeto feito em seis meses pelo gabinete – foi quase projeto e obra ao mesmo tempo. Foi um desafio e conseguimos. Permitiu ganhar bastante notoriedade e créditos para depois podermos abraçar outros projetos na área do Office.